O MISTÉRIO DE PUMAPUNKU: A CIDADE QUE DESAFIA A LÓGICA DA ENGENHARIA ANTIGA

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Pumapunku, também conhecida como Puma Punku, que em aimará e quíchua significa ‘Portão do Puma’, é um sítio arqueológico monumental localizado perto de Tiwanaku, na Bolívia. Este complexo, datado do século VI d.C., é reconhecido como Patrimônio Mundial da UNESCO e representa um dos exemplos mais notáveis de engenharia e arquitetura pré-colombiana na América do Sul. A estrutura principal é um monte em plataforma aterrado, com um pátio afundado e uma estrutura monumental no topo, que, apesar de seu estado atual de ruína, ainda revela a grandiosidade de sua concepção original.

O complexo de Pumapunku é composto por uma série de praças e rampas que convergem para o monte em plataforma central. Embora grande parte da estrutura monumental que coroava o monte tenha se deteriorado ou sido destruída ao longo dos séculos, os vestígios remanescentes fornecem insights cruciais sobre as técnicas construtivas e a visão arquitetônica de seus criadores. Acredita-se que a construção de Pumapunku tenha sido iniciada após 536 d.C., e sua importância é comparável à de Akapana, outra estrutura proeminente em Tiwanaku, frequentemente referida como sua ‘gêmea’.

Um dos aspectos mais intrigantes de Pumapunku são os portões em miniatura, que são réplicas exatas de portões de tamanho real que outrora adornavam o complexo. Além desses modelos em escala reduzida, evidências sugerem que pelo menos cinco portões de tamanho completo, e possivelmente vários portões cegos em miniatura, foram originalmente integrados ao projeto monumental. A plataforma de fundação de Pumapunku, por si só, era capaz de suportar até oito portões feitos de andesito, um tipo de rocha vulcânica. Fragmentos de cinco desses portões de andesito, com características semelhantes às do famoso Portão do Sol, foram descobertos no local.

A localização de Tiwanaku, onde Pumapunku está situado, possui um significado profundo nas tradições incas. De acordo com as crenças ancestrais, Tiwanaku é reverenciado como o local onde o mundo foi criado, conferindo a Pumapunku não apenas uma importância arquitetônica, mas também um valor espiritual e cultural imenso. O complexo é estruturado com um pátio ocidental sem muros, uma esplanada central aberta, um monte em plataforma aterrado com revestimento de pedra e um pátio oriental murado, demonstrando uma organização espacial complexa e intencional.

No seu apogeu, Pumapunku é descrito como um lugar de beleza e maravilha inimagináveis. Relatos sugerem que era adornado com placas de metal polido, ornamentação vibrante de cerâmica e tecido, e era frequentado por cidadãos em trajes elaborados, sacerdotes ricamente vestidos e elites adornadas com joias exóticas. A compreensão atual deste complexo é limitada devido à sua antiguidade, à ausência de registros escritos detalhados e ao estado de deterioração das estruturas, resultante de séculos de caça ao tesouro, saques, mineração de pedras para construção e intemperismo natural.

Historicamente, quando os espanhóis chegaram a Tiwanaku, a arquitetura de Pumapunku ainda estava parcialmente intacta. Bernabé Cobo, um cronista da época, documentou que um portão e uma ‘janela’ ainda permaneciam de pé em uma das plataformas, testemunhando a resiliência e a durabilidade das construções de Pumapunku antes de sua eventual ruína.

Pumapunku é um monte de terra em terraços revestido com blocos de pedra, medindo 167,4 metros de largura no eixo norte-sul e 116,7 metros de comprimento no eixo leste-oeste. Nos cantos nordeste e sudeste, o monte apresenta projeções de 20 metros de largura que se estendem por 27,6 metros. A borda leste do complexo é dominada pela Plataforma Lítica, um terraço de pedra de 6,8 por 38,7 metros, pavimentado com blocos maciços. A maior laje de pedra encontrada em Pumapunku e em todo o Sítio de Tiwanaku está nesta plataforma, medindo 7,8 metros de comprimento, 5,2 metros de largura e uma média de 1,1 metros de espessura, com um peso estimado de 131 toneladas. A precisão e o tamanho dessas lajes têm sido objeto de admiração por séculos.

As obras em pedra e o revestimento de Pumapunku são uma combinação de andesito e arenito vermelho. O núcleo da estrutura é composto por argila, enquanto o preenchimento sob suas bordas consiste em areia de rio e seixos. Escavações revelaram três grandes épocas de construção, além de reparos e remodelações.

A datação por radiocarbono de material orgânico da camada mais profunda e antiga do aterro de Pumapunku, realizada por Alexei Vranich, estabeleceu a construção inicial entre 536 e 600 d.C. A precisão com que os blocos foram cortados e encaixados, formando juntas de suporte de carga, demonstra um conhecimento avançado de engenharia. A identificação de uma fina camada de material esbranquiçado entre as pedras sugere o uso de uma argamassa, e a técnica de cortar pedras em ângulos específicos para criar encaixes perfeitos é um testemunho da sofisticação construtiva de Pumapunku.

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